No vai e vem das mãos trançando as fibras, dona Olívia de Melo Bruno constrói novos sonhos para a sua comunidade, o Quilombo Peropava em Registro, no Vale do Ribeira. Aos 72 anos, ela foi uma das alunas do curso de Artesanato em Fibra de Bananeira realizado pelo Sebrae-SP entre os dias 12 e 16 de maio. “Eu gostei muito de aprender a trabalhar com esse material. E se a gente continuar com o trabalho, com certeza vai entrar renda para a nossa comunidade. É esse o meu projeto”, confidencia dona Olívia ao exibir a caixinha confeccionada durante as aulas.
O curso foi solicitado para o Sebrae-SP pelas próprias moradoras do Peropava. “Eu acho que o artesanato é uma ótima fonte de renda, principalmente porque a maioria das lideranças aqui do Quilombo é mulher. Então, a ideia é trazer geração de renda para as mulheres da comunidade”, explica Nathália Cabral Gonçalves Januário, de 29 anos. “Eu participei por curiosidade, porque gosto de artesanato e aprender sempre é bom. E foi uma surpresa, porque achei que não ia conseguir aprender, mas o trabalho fluiu com facilidade”, revela Nathália.
Artista plástica e instrutora do Senar-SP, Maria de Fátima Padoan foi responsável por transmitir a técnica para os alunos do Peropava. “Nos cinco dias de curso, ensinamos todo o processo desde a colheita, produção e tratamento das fibras até a execução das peças, que é aprender a tecer. Dividimos a turma em grupos e cada grupo aprendeu a desenvolver um tipo diferente de trançado”, explica a instrutora.
Maria de Fátima destaca que o artesanato em fibra de bananeira, assim como de outras fibras naturais, tem ganhado cada vez mais o mercado consumidor. "Eu vejo que a procura pelo produto com qualidade está crescendo muito, tanto pela consciência ambiental, como também pela necessidade de estar mais próximo à natureza. Por conta da sustentabilidade, o plástico e outros derivados de petróleo vêm sendo substituídos pelas fibras vegetais. Então eu vejo um mercado em crescimento, gerando muitas oportunidades”, observa a instrutora.
No curso, os 12 alunos aprenderam a fazer diversos utensílios, como jogos americanos, caixas e suportes para pratos. Mas a partir da técnica, é possível desenvolver outras peças. “Nosso objetivo é contribuir com a inclusão produtiva dos moradores do Peropava, mas a partir de uma atividade que eles se identifiquem. O artesanato será uma forma de agregar renda à produção de banana já cultivada no Quilombo”, afirma o analista de negócios do Sebrae-SP, Carlos Alberto Pereira Júnior.