A fachada principal do centenário prédio do Sesc Registro vai se transformar em uma grande tela para a projeção de um espetáculo de luzes, cores, sons e imagens, uma obra interativa que levará o público a uma viagem pelas memórias da cidade de Registro e do território do Vale do Ribeira. Trata-se da intervenção “Videomapping: uma construção e muitas histórias” que o Sesc Registro promove nos dias 1 e 2 de novembro, como parte da programação especial que celebra os 100 anos de histórias do prédio onde a unidade está instalada. Nessa data, a cidade de Registro sedia o Tooro Nagashi, tradicional celebração em homenagem aos antepassados, promovida pelo Bunkyo local.
O Videomapping – ou projeção mapeada – é uma técnica que ocupa superfícies e arquiteturas, como fachadas de edifícios, para criar diferentes tipos de visualização de linguagens artísticas, como fotografias e ilustrações digitais, animações 3D, música e vídeo, entre outras. No prédio do Sesc Registro serão utilizadas para a vídeo projeção as fachadas dos galpões dos 4Ks, como se fossem uma grande tela de cinema a céu aberto. O público poderá assistir ao espetáculo gratuito a partir do gramado que fica em frente ao conjunto arquitetônico.
O Videomapping vai tratar de memórias, sob diferentes perspectivas. Memórias que se vinculam ao prédio do Sesc Registro, conhecido como KKKK - sigla de Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha, nome da companhia japonesa responsável pela construção, em 1922, do edifício histórico que serviu de apoio à colonização nipônica em Registro e região. Memórias que remontam ao tempo da mineração do ouro na região, nos idos do século 17, e se referem às origens do povoado de Registro, assim nomeado por ser o local onde se registrava o ouro que descia pelo rio Ribeira rumo a Iguape e onde também se cobrava o imposto (quinto real) destinado à Coroa Portuguesa. Memórias que trazem recortes histórico-culturais do território do Vale do Ribeira desde seus povos originários, os colonizadores europeus, os caiçaras, os negros escravizados, os quilombolas, os colonos japoneses e seus descendentes. Memórias que abarcam também o rio Ribeira de Iguape e a Mata Atlântica, componentes da rica e diversa paisagem natural do Vale do Ribeira.
A direção do espetáculo é dos artistas e pesquisadores Toni Baptiste e Flávio Camargo, que integram o Coletivo Coletores, de São Paulo, uma iniciativa que utiliza linguagens multimídias, em diferentes pontos e estruturas urbanas, como forma de pensar as cidades e discutir temas sociais, históricos e culturais. O grupo foi premiado pelo PROAC (2021) e recebeu indicações ao MVF Awards (2021) e ao Prêmio PIPA (2022). Durante a FLIP de Paraty (2018), o coletivo projetou na fachada do Sesc local a história da cidade por meio de seus povos e comunidades tradicionais. Em Registro, segundo Toni Baptiste, a proposta é refletir sobre memórias e as diversas culturas que formam o Vale do Ribeira e como esses temas reverberam na vida das pessoas do território no contemporâneo.
A projeção terá cerca de 10 minutos de duração e vai acontecer em diferentes sessões ao longo das duas noites. Na terça (dia 1) o Videomapping começa às 19h. No feriado de 2 de novembro (quarta), às 18h.
Sobre o conjunto arquitetônico
Em 1922, à margem do rio Ribeira de Iguape e no antigo porto fluvial da “freguesia” de Registro, era implantado o conjunto de prédios KKKK pela Companhia de Desenvolvimento Ultramarina, criada no Japão para apoiar a colônia japonesa no Vale do Ribeira, no início do século 20. Um dos edifícios do complexo sediava um engenho de beneficiamento de arroz e em quatro galpões (4Ks) funcionavam escritórios e armazéns.
A partir dos anos 1940 o espaço teve outras administrações e ocupações, passando também por longo período de abandono. Em 1987, o conjunto foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e, em 1990, foi desapropriado pela Prefeitura de Registro.
No início dos anos 2000, o prédio foi restaurado pelo Brasil Arquitetura (SP), escritório dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci. Após o restauro, o complexo abrigou instituições de educação e o Memorial da Imigração Japonesa do Vale do Ribeira. Em 2010, o imóvel também foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN).
Desde 2016, o Sesc São Paulo transformou o espaço em um centro cultural e esportivo que oferece uma série de atividades artísticas, culturais, esportivas, educacionais e de lazer para todos os públicos do Vale do Ribeira.
Sobre o Sesc São Paulo
Com 75 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 45 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. São atendidas nas unidades de todo Estado cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações em: https://portal.sescsp.org.br/pt/sobre-o-sesc/