O papa Francisco disse nesta sexta-feira que desistiu dos planos de se encontrar, em junho, com o patriarca ortodoxo russo Cirilo, aliado de Vladimir Putin que apoiou a guerra na Ucrânia.
Francisco, que várias vezes criticou implicitamente a Rússia e Putin desde a invasão ao país vizinho, disse ao jornal argentino La Nacion que lamenta que o plano tenha que ser "suspenso" porque diplomatas do Vaticano aconselharam que tal reunião "poderia gerar muita confusão neste momento".
Em Moscou, a agência de notícias RIA citou um alto funcionário da Igreja Ortodoxa Russa dizendo que a reunião foi adiada porque "os eventos dos últimos dois meses" teriam criado muitas dificuldades para sua preparação.
A Reuters informou em 11 de abril que o Vaticano estava considerando estender a viagem do papa ao Líbano, marcada para 12 e 13 de junho, para que ele pudesse se encontrar com Cirilo em 14 de junho em Jerusalém.
Cirilo, de 75 anos , deu sua bênção total à invasão da Ucrânia pela Rússia desde seu início, em 24 de fevereiro, uma posição que fragmentou a Igreja Ortodoxa mundial e desencadeou uma rebelião interna que teólogos e acadêmicos dizem ser sem precedentes.
Francisco, de 85anos, usou termos como "agressão injustificada" e "invasão" em seus comentários públicos sobre a guerra e lamentou as atrocidades contra civis.
Questionado na entrevista por que ele nunca nomeou a Rússia ou Putin especificamente, Francisco foi citado como tendo dito: "Um papa nunca nomeia um chefe de Estado, muito menos um país, que é superior ao seu chefe de Estado".
Uma fonte do Vaticano familiarizada com o planejamento da ida de Francisco a Jerusalém disse nesta sexta que a preparação estava em um estágio avançado e que até o local do encontro com Cirilo havia sido escolhido.
Francisco disse no início deste mês que estava considerando uma viagem a Kiev, dizendo a repórteres em um voo para Malta, em 2 de abril, que a possibilidade estava "sobre a mesa". Ele foi convidado por líderes políticos e religiosos ucranianos.
Questionado na entrevista argentina por que ainda não foi até lá, ele respondeu: "Não posso fazer nada que comprometa objetivos maiores, que são o fim da guerra, uma trégua ou pelo menos um corredor humanitário. De que adiantaria o papa ir a Kiev se a guerra continuar no dia seguinte?".
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