Quando veio para Registro cuidar do bananal da família, Eduardo Valdetaro não gostava da ideia de utilizar agrotóxicos. Ele chegou a abolir os herbicidas, mas quando percebeu que não conseguiria converter a produção convencional em orgânica, arrendou o bananal e decidiu investir em outro sistema: a agrofloresta. Hoje, Eduardo tem 24 hectares de banana plantados em consórcio com outras 18 culturas diferentes, como eucalipto, mogno africano, cupuaçu, cacau, guanandi e juçara.
O plantio da banana maçã-princesa, variedade resistente à Sigatoka desenvolvida pela Embrapa, foi feito em 2018 depois de muita pesquisa, planejamento e preparação do solo. Eduardo contratou a consultoria de Namastê Messerschmidt, considerado uma das principais referências brasileiras em Sistemas Agroflorestais Agroecológicos, para auxiliar no desenvolvimento do projeto e na escolha das espécies a serem cultivadas.
“Diferente da agrofloresta tradicional, aqui a gente faz um sistema mais planejado e organizado, visando a produção em escala. Por isso investimos na produção de banana, uma cultura que já é viável na região, aliada a outras espécies que podem trazer bom rendimento”, explica Eduardo. “Para ser sustentável e contribuir com o meio ambiente, a produção também precisa ser viável e rentável para o produtor”, acredita ele.
Na produção orgânica, Eduardo tem uma economia de aproximadamente 35% ao substituir os adubos químicos pela compostagem de esterco de peru. A muda de banana maçã-princesa é mais resistente a pragas como a Sigatoka e a fruta tem ótima aceitação no mercado. Em nove hectares de banana, o produtor colhe cerca de 20 toneladas da fruta por safra.
Este ano, Eduardo passou a ser atendido pelo Programa ALI Rural do Sebrae-SP, visando agregar conhecimentos e também divulgar o sistema de agrofloresta para outros produtores da região. A agente local de inovação rural Luma Victor tem indicado cursos na região e também colocou Eduardo em contato com a Unesp, onde ele já apresentou o sistema no Simpósio de Inovação e Sustentabilidade realizado no início de novembro.
“Uma das grandes vantagens da agrofloresta é a diversificação das culturas. O produtor não fica refém de apenas uma espécie e pode agregar o espaço de plantio a outras fontes de renda, além de contribuir com o meio ambiente”, destaca Luma, que também é engenheira agrônoma.
Eduardo acredita que o modelo de agrofloresta em escala funciona bem no Vale do Ribeira e pode ser uma alternativa para os produtores. Ele está disponível para orientar quem tiver interesse em iniciar o sistema. “A agrofloresta não agride a natureza e não coloca em risco os agricultores por não utilizar veneno. Meu sonho é ver cada vez mais animais silvestres andando por aqui e cada vez mais pessoas da região se beneficiando com esse modelo de agricultura sustentável”.