A exuberante propriedade de João Doria (PSDB), em Campos do Jordão (SP), serviu neste feriado de carnaval para uma reunião da “tropa aliada” do governador paulista. No momento em que se aproxima a data de desincompatibilização para disputar a Presidência da República, Doria recebeu na luxuosa residência o presidente do PSDB, Bruno Araújo, o vice-governador Rodrigo Garcia, pré-candidato do PSDB ao governo paulista, o apresentador José Luiz Datena e o presidente do PSDB paulista e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi – autor da foto que ilustra este texto.
O encontro tem uma simbologia clara: é uma tentativa do governador de mandar uma mensagem de unidade e afastar as dúvidas entre os próprios partidários sobre a viabilidade de sua candidatura presidencial. Pressionado por alas do PSDB a desistir de sua pré-candidatura, Doria terá de deixar o Palácio dos Bandeirantes até o início de abril. Nesta fase, seu foco está em garantir empenho e lealdade dos aliados estratégicos.
Coordenador da pré-campanha do governador, o presidente do PSDB foi reconduzido ao cargo por mais um ano com apoio do grupo de Doria, mas é alvo de críticas dos “doristas” por não ter se posicionado de maneira mais enfática em defesa da candidatura do vencedor das prévias do PSDB. Já Datena é visto como o candidato natural ao Senado na chapa dos tucanos, mas tem sido assediado também por outros partidos.
MENSAGEM. Ao promover esse encontro no fim de semana, Doria procura enviar um recado ao mundo político de que não está isolado e conta com o apoio de Araújo – o principal operador político do PSDB nas articulações com o MDB, o União Brasil e o Cidadania por uma federação partidária –, com Garcia, que vai assumir a máquina e de quem vai precisar do apoio, e Datena, que é um “coringa” no tabuleiro eleitoral de 2022.
A ampla propriedade, que conta com um heliponto e escultura de Bia Doria – mulher do governador – na entrada, deu caráter de intimidade ao encontro político. Por lá, também passaram dois nomes do PSDB que ajudam a fazer a ponte do governador com a “velha guarda” do partido: o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio e o ex-ministro Antonio Imbassahy. Virgílio disputou as prévias contra Doria e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que agora ameaça deixar a legenda e ingressar no PSD para ser candidato ao Planalto. Imbassahy integra o círculo mais próximo de Doria – foi articulador político da gestão Michel Temer e hoje é secretário especial do governo paulista e chefe do Escritório de Representação do Estado de São Paulo em Brasília.