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Tarcísio diz ver tiros em Paraisópolis como intimidação do crime, não atentado

A comitiva de Tarcísio não foi ferida

Redação
Por: Redação Fonte: BS9
18/10/2022 às 11h08
Tarcísio diz ver tiros em Paraisópolis como intimidação do crime, não atentado

Ao comentar o tiroteio que interrompeu seu compromisso de campanha em Paraisópolis, zona sul da capital, na manhã desta segunda-feira (17), Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que foi uma intimidação do crime e disse não acreditar que tenha sido alvo de um atentado.

"Foi um ato de intimidação, um recado claro do crime organizado como 'a gente não quer você aqui dentro'. É uma questão territorial e não tem nada a ver com a política", disse o candidato em entrevista na tarde desta segunda.

Pela manhã, no Twitter, Tarcísio afirmou que ele e sua equipe haviam sido "atacados por criminosos" e que a atuação da Polícia Militar foi brilhante.

A comitiva de Tarcísio não foi ferida. Um homem de 38 anos morreu no tiroteio. Segundo a polícia, ele tinha registro sob suspeita de roubo.

Mais cedo nesta tarde, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que seria prematuro falar em atentado e apontou que houve um confronto entre homens em motos e a polícia.

Tarcísio e a sua equipe estavam visitando um projeto social que inaugurou um polo universitário.
"A minha visão é limitada, de quem tava lá dentro. Dizer que ocorreu um tiroteio enquanto estávamos lá, não é coincidência", disse Tarcísio.

"Os bandidos notaram a nossa presença ali desde cedo. Quatro motocicletas filmaram a nossa equipe, fizeram perguntas e voltaram armados. Não foi algo corriqueiro, não. Foi um tiroteio enquanto estávamos lá."

"Em nenhum momento eu disse que era atentado, primeira coisa. Segunda, esse tipo de troca de tiro ali não é comum. O crime organizado aqui em São Paulo é hegemônico em determinadas regiões, então não é comum você ter troca de tiro", completou.

O candidato, que tem o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) no segundo turno, tem um discurso linha dura na segurança pública, inclusive afirmando que os paulistas não se sentem seguros.

Segundo Campos, as investigações da Polícia Civil não podem ser influenciadas pela publicação do candidato nas redes sociais, afirmando que foi o alvo da ação.

A versão de que sofrera um atentado, fomentada pela sua declaração nas redes, se espalhou na internet e foi replicada por parlamentares bolsonaristas.

Tarcísio afirmou que não pretende explorar o episódio em sua campanha. Ele não quis comentar declaração de aliados que, imediatamente, associaram o tiroteio a um atentado protagonizado pelo PT, do seu adversário Fernando Haddad.

"A campanha vai seguir normalmente, vamos falar com as pessoas. Agora, tem áreas de São Paulo dominadas pelo crime. As pessoas vivem com medo. Você, sendo candidato do Governo de São Paulo, não poder visitar um trabalho social? É razoável ser recebido a tiros numa favela? Vi hoje um trabalho que precisa de apoio do estado. Lá tem talento e as pessoas não querem ser reféns do crime."

Para esclarecer o caso, a Secretária de Segurança irá recorrer às imagens gravadas pelas câmeras instaladas nos uniformes dos policiais, medida que é criticada por Tarcísio.

"Como eu falei toda a política pública será reavaliada. Tenho uma posição crítica às câmeras por uma série de razões, mas, como já disse, vou rediscutir as políticas públicas se for eleito", disse o candidato.

Em relação ao homem morto na ação, Tarcísio não soube dizer se o tiro partiu da sua equipe de segurança, formada por policiais, ou dos policiais militares que chegaram ao local. "Acho que não. Acho que partiu da PM."

Em nota, a Secretaria da Segurança afirma o caso envolveu PMs, que as armas deles foram apreendidas para perícia e que um segundo suspeito foi identificado. "Um suspeito foi baleado após entrar em confronto com policiais militares nesta segunda-feira (17), na região de Paraisópolis. Ele foi socorrido ao Hospital Campo Limpo, mas não resistiu. Um segundo suspeito foi identificado e está foragido."

Tarcísio cancelou um compromisso com apoiadores em Suzano, previsto para a tarde desta segunda. Questionado sobre novas agendas de campanha em comunidades, o candidato disse que voltaria nesses locais.

"Pretendo, voltar, claro. Não se pode intimidar. Uma vez eleito, vamos ampliar a presença do estado nesses locais. Vamos levar a política pública lá", disse.

Na sua entrevista à imprensa, o secretário de Segurança afirmou que o primeiro confronto se deu com policiais à paisana que faziam a segurança do local onde o candidato estava.

Campos disse que os tiros foram disparados a cerca de 100 metros do local onde estava a campanha. "Foi um ruído com a Polícia Militar", declarou. Por "ruído", o secretário explicou que o termo se refere à situação em que "a polícia está em um local onde há um desequilíbrio com quem está no local".

Ainda segundo o secretário, a entrada da polícia na comunidade causou um desconforto, o que teria desencadeado o tiroteio.

Líderes comunitários de Paraisópolis afirmaram que só souberam da visita do candidato uma hora antes da sua chegada.

O coronel Ronaldo Miguel Vieira, comandante-geral da Polícia Militar, detalhou que o tiroteio teve a participação de ao menos oito indivíduos que rondavam o local em motos. Dois deles estavam com armas longas. Uma van escolar foi atingida pelos disparos, mas segundo o coronel, ninguém foi ferido.

A declaração do secretário de que as câmeras dos policiais serão usadas para esclarecer o caso contraria a própria campanha de Tarcísio. O candidato afirmou que irá rever a política implementada pelos tucanos, apesar dos números positivos de queda de letalidade.

Tarcísio já afirmou em diversas ocasiões que as câmeras inibem os policiais. Ele chegou a dizer que, se eleito, retiraria o equipamento "com certeza", mas depois voltou atrás e afirmou que irá ouvir o comando da polícia e especialistas.

Enquanto adversários de Tarcísio viram uma tentativa de cortina de fumaça ou de exploração política do caso, bolsonaristas prestaram solidariedade.

Filho de Bolsonaro, o senador Flávio (PL-RJ) relacionou o episódio à facada de 2018. O deputado Coronel Tadeu (PL-SP) cobrou investigação sobre supostos mandantes do que chamou de crime político.

"Só Lula e o PT conseguem entrar numa comunidade dominada pelo tráfico e serem recebidos sem nenhum tipo de problema", afirmou o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), em referência à recente visita do ex-presidente ao Complexo do Alemão, no Rio.

"A pergunta que fica é: por que a direita, que é contra o tráfico de drogas, não pode entrar em comunidade do PCC e o Lula pode entrar no Alemão, comandado pelo Comando Vermelho", tuitou a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

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