Além de aparar arestas e demonstrar pragmatismo, as andanças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus emissários junto a representantes do PIB nacional incluem, naturalmente, sondagens sobre quem vai conduzir a economia em um eventual governo do petista, favorito nas pesquisas de intenção de voto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A inclinação de Lula de colocar um político à frente da pasta, já sinalizada por ele publicamente, rechaçando “burocratas” para o posto, tem sido bem recebida. Muitos dizem que um dos principais problemas do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, é exatamente a falta de traquejo político, que inviabilizou a condução de pautas importantes do atual governo.
Para o posto em eventual vitória petista, já foram especulados os nomes do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato ao governo de São Paulo, e o do deputado Alexandre Padilha (SP), um dos que têm dialogado com o mercado em nome de Lula. Mais recentemente, um outro “ministeriável” entrou com força para essa lista: o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), companheiro de chapa do petista. “Se Lula anunciar o nome dele (Alckmin) para a Economia, o dólar cai na hora”, afirma um representante graúdo do PIB.
Essa percepção não ocorre por acaso. A possível escolha do ex-tucano para esse posto seria um tremendo passo adiante dentro da mesma lógica que o colocou na chapa presidencial petista. “Essa era uma aliança improvável, imprescindível e complementar”, defende o coordenador do plano de governo e presidente da Fundação Perseu Abramo, o ex-ministro Aloizio Mercadante.
De posições moderadas e traquejo político nas negociações, Alckmin foi escolhido para aproximar a campanha do centro e, desde então, tem se dedicado com afinco a essa missão. Botou o pé na estrada com Lula e vem articulando encontros importantes com empresários e gente do mercado. A sua atuação é exaltada especialmente em relação ao agronegócio, outra frente da articulação de Lula junto aos donos do capital. Um aliado do ex-presidente conta que chamou a atenção no entorno do petista a presença da presidente da centenária Sociedade Rural Brasileira, Teresa Vendramini, em um jantar do ex-presidente e seu vice com empresários em São Paulo, em junho.