A voz é a forma de reconhecimento social de uma pessoa, como se fosse uma impressão digital, e se caracteriza pela altura, intensidade, vibração, pausa e interrupções. Por isso, é preciso ficar atento. Uma rouquidão persistente, por mais de duas ou três semanas, por exemplo, é motivo de alerta, mesmo que lesões ou doenças malignas sejam muito menos prevalentes do que as benignas.
Pessoas que têm um abuso ou mal uso da voz podem desenvolver calos nas cordas vocais, chamados cientificamente por nódulos vocais. São lesões benignas e a conduta é diminuir o abuso vocal, melhorar a higiene da voz, fazer uma hidratação, falar pausadamente, evitar falar com intensidade de voz muito alta e ter o acompanhamento de uma fonoaudióloga.
“Outra alteração da voz pode acontecer pelo pólipo, uma lesão benigna que surge nas cordas vocais geralmente por um trauma agudo da voz, por exemplo, quando uma pessoa vai a um jogo de futebol e grita muito. O pólipo, diferente do nódulo, necessita de cirurgia através da boca com anestesia geral e depois de fonoterapia", explica André Vicente Guimarães, médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço que atua em Santos.
As lesões malignas são mais comuns em pessoas com o vício do tabagismo na faixa de 60 a 65 anos. Nesses casos há necessidade de uma laringoscopia, uma avaliação da lesão com anestesia local por meio de vídeo. É feita a biópsia e, na confirmação do câncer dessa região, há necessidade de um tratamento oncológico, seja por meio de cirurgia ou radioterapia.
A prevenção para pessoas que têm o fator de risco, como o tabagismo e histórico familiar de câncer nessa região, é fazer exames periódicos, como laringoscopia a cada seis meses, e cessar o fator promotor, que é o cigarro. Mas, profissionais da voz e pessoas que a utilizam muito para trabalhar, como professores, têm grande propensão para desenvolver uma lesão estrutural nas cordas vocais, sendo a situação mais comum os nódulos vocais. Nesses casos, a melhor prevenção seria utilizar mecanismos de ampliação da voz, como o microfone.
"Procure sempre um especialista, um cirurgião de cabeça e pescoço, que pode lhe dar toda orientação. Quanto antes se tem um diagnóstico, menos intenso é o tratamento, traz menos sequelas e há uma maior chance de cura, seja da doença benigna, seja do câncer. Portanto, atenção com a sua voz, pois pode ser um indício de problemas um pouco mais sérios", orienta o especialista.