Em 2023, Alex Cremonesi, de 18 anos, chegou a ter 40% de faltas no segundo bimestre e colecionava notas baixas no boletim. O estudante, um dos alunos “resgatados” por meio do programa de Busca Ativa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), passou por uma transformação dentro e fora da escola coroada, nesta sexta-feira (28), com a premiação com uma das medalhas de ouro da 1ª Olimpíada de Matemática das Escolas Estaduais (Omasp).
Alex está matriculado na 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Josué Benedicto Mendes, em Osasco, e conta que, no pós-pandemia, perdeu a motivação pelos estudos, não tinha interesse em ir à escola e estava mais fechado para as relações com colegas e professores, além de enfrentar alguns desafios dentro de casa.
“A pandemia me deixou mais quieto e na minha. Na volta para a escola, eu não tinha interesse nas aulas, me sentia desmotivado. Passei a valorizar cada vez menos estar na escola e, por um tempo, decidi trabalhar, chegava em casa cansado e não queria vir para a escola. Foi aí que tive esses recordes de falta”, conta Alex.
Em todas as escolas estaduais, o trabalho de Busca Ativa deve ser feito pela equipe gestora, com o apoio de professores, que estão mais próximos dos estudantes no dia a dia. Na escola Josué, esse trabalho é feito pelos professores tutores — um figura dentro das unidades de período integral que acompanham os estudantes da idealização de sonhos e projetos de vida para o futuro.
“Aqui na escola, quem mais me apoiou nessa volta foi o professor Marcos, o meu tutor. Foi um processo muito importante. A maior ajuda que ele me deu foi ter um papo bom e conversar comigo não apenas como um professor, mas como um colega”, reconhece o estudante.
Em 2023, o índice de presença de Alex chegou a apenas 60% no segundo bimestre — período anterior às ações de Busca Ativa do Estado. Os primeiros resultados começaram a surgir ainda no ano passado, com o aumento do índice de presença de Alex para 78% no último bimestre.
Em 2024, os resultados do processo de Busca Ativa são ainda mais impressionantes para o aluno: 91% de presença no primeiro bimestre e 100% no segundo. As notas do boletim já começaram a subir e a maior surpresa chegou com a conquista da medalha de ouro na Omasp.
“Eu não acreditava que seria possível ter um desempenho em matemática melhor do que alunos que se dedicam há anos e que já venceram outros concursos aqui na escola. Se vissem minhas notas no ano passado não imaginariam a minha medalha de ouro de matemática”, reflete Alex.
As mudanças dentro de sala de aula refletiram na vida pessoal do estudante. “Meus pais se preocupavam muito com as minhas notas e com as minhas faltas e toda essa retomada melhorou as coisas até dentro de casa. Meus pais comprovaram isso quando começaram a ver as minhas notas e passaram a confiar mais em mim, me deixam sair mais com meus amigos. Também estou criando mais amizades, que permanecerão após a escola.”
No meio de suas conquistas, Alex lembra de colegas que abandonaram a escola nos anos anteriores. “Alguns amigos meus deixaram de frequentar a escola nos últimos anos e priorizaram o trabalho. Eu gostaria de dizer a eles que a escola é importante e que eles podem ter um futuro melhor, uma boa formação, melhores condições de trabalho e salário”, conta o estudante que já almeja uma vaga na universidade na área de tecnologia, por meio do Provão Paulista, outra ação da Educação que tem, entre seus objetivos, a permanência de estudantes no Ensino Médio.
Marcos Ribeiro Serafim, o tutor de Alex, leciona língua inglesa e preparação para o vestibular, e é apenas um dos profissionais da escola Josué que atua no processo de Busca Ativa e resgate de estudantes. Ex-aluno da mesma unidade de ensino, ele voltou à escola como professor em 2021.
“O trabalho de Busca Ativa também me transformou como professor, porque me sinto mais próximo dos estudantes. Tem sido um trabalho muito gratificante, porque estou me abrindo mais e esses resultados são também um reconhecimento do meu trabalho”, começa.
O professor valoriza, ainda, o fato de morar próximo à escola. “Moro no mesmo bairro da escola, no mesmo bairro do Alex, e essa boa relação ultrapassou os muros da unidade. Porque, se um deles faltar à escola por mais de um dia, provavelmente vou me encontrar com ele ou com um amigo andando pelo bairro, e perguntarei sobre ele. É o início desse projeto de resgate para a volta à escola. Não há lugar melhor no mundo para o estudante do que a escola”.
Na rede estadual de ensino, as ações de “Busca Ativa” passam a ser obrigatórias a partir de três faltas consecutivas e não justificadas. Uma resolução da Seduc-SP estabelece o acompanhamento individualizado com a atualização cadastral bimestral dos alunos e acompanhamento diário da frequência pela unidade escolar e diretoria de ensino, o contato e a notificação de pais ou responsáveis.
Os alunos com frequência irregular e número excessivo de ausências têm garantidas possibilidades de recuperação da aprendizagem e de conteúdo.
Em todo o estado de São Paulo, a Omasp premiará 127 mil estudantes com medalhas de ouro, prata e bronze, em 450 cerimônias espalhadas pelas 91 diretorias regionais de ensino. No maior evento, a Educação reúne todos os 10,6 mil medalhistas das escolas estaduais da zona leste, seus professores e familiares na Neo Química Arena, o estádio do Corinthians, a partir das 10h deste domingo (30).
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