O Senado comemorou nesta sexta-feira (6) o Dia Mundial do Algodão, celebrado anualmente em 7 de outubro. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2019 para dar visibilidade ao setor algodoeiro e seu papel no desenvolvimento econômico, no comércio internacional e na redução da pobreza.
A sessão, que contou com a presença de parlamentares e do corpo diplomático, foi realizada por iniciativa da senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS). “As receitas em exportação brasileira bateram novamente recorde de faturamento, resultados que consolidam o algodão como o sétimo colocado na cadeia do agronegócio brasileiro. O algodão brasileiro ganha destaque por trabalhar com a responsabilidade ambiental e com o desenvolvimento social de suas comunidades, em um processo de produção que gera empregos e entrega um produto de qualidade, sem desperdícios. O algodão também é um produto que promove a sustentabilidade. Quase nada é desperdiçado: 46% de seus resíduos tornam-se alimento e ração para animais; 33% da fibra são usadas na indústria têxtil e no vestuário; 27% da casca podem ser usadas na produção de combustível, embalagens e fertilizantes; 16% são usados como óleo comestível, enquanto 8% viram celulose”, ressalta Tereza Cristina em seu requerimento ( RQS 805/2023 ).
Durante a sessão, Tereza Cristina destacou a importância da cadeia produtiva dessa matéria-prima e o papel desenvolvido pela Embrapa para a cotonicultura atingir o patamar atual.
— A cultura do algodão é importante para o Brasil, estando presente no Mato Grosso, seu principal produtor, e no Norte e Nordeste do país. É uma atividade altamente produtiva e que emprega e produz para o mercado interno e faz do Brasil o segundo maior exportador do mundo. Vamos continuar produzindo cada vez mais de forma sustentável e o Brasil deve, em breve, ultrapassar os Estados Unidos — afirmou.
Presidindo a Mesa, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou que o algodão é cultivado em mais de 70 países e movimenta 10 trilhões de dólares por ano.
— Muitos aqui em nosso país não sabem que o Brasil é o segundo maior exportador mundial do algodão, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. É também o quarto maior produtor, com um total de 41 bilhões do valor bruto da produção agropecuária alcançado em 2022, e ainda o sétimo maior consumidor. Somente entre 2019 e 2020, produzimos 2,9 milhões de toneladas de pluma. Quando falamos em algodão, remetemos nosso pensamento principalmente para a indústria têxtil. Contudo, o algodão tem ainda outras utilidades na atividade econômica — acrescentou.
Por videoconferência, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) saudou os cotonicultores presentes na sessão e apontou a capacidade de produção sustentável da agricultura brasileira.
— Poucos países do mundo têm uma agricultura tão sustentável como o Brasil. O mundo inteiro subsidia a sua agricultura: os americanos, europeus e asiáticos, com mais de dois trilhões de dólares por ano, e o Brasil praticamente não tem subsidio. Então, esse é o grande momento importante. Nessas discussões, temos que preservar a nossa agricultura e falar bem da nossa agricultura. Aqui está o exemplo do algodão — disse o senador, que lembrou a atuação da Frente Parlamentar da Agricultura [da Câmara dos Deputados].
O presidente da Frente, deputado Pedro Lupion (PP-PR), também participou remotamente da sessão. Ele destacou que o algodão migrou do Paraná para novas fronteiras do norte do pais, na década de 1970, sendo hoje uma das principais culturas do Nordeste e do Centro-Oeste, com o emprego de tecnologia de ponta e rentabilidade.
A importância do fomento à cultura do algodão também foi defendida pelo representante da Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica, Extensão Rural, Pesquisa e Regularização Fundiária (Asbraer), Aristeu Chaves. Para ele, associada a outros sistemas agroalimentares, essa cultura torna possível a produção de gêneros alimentícios mais saudáveis.
Coordenadora-geral de Pacificação e Comunicação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), a ministra Andréia Rigueira defendeu a criação de oportunidades na América Latina e Caribe visando o fortalecimento de instrumentos voltados ao crescimento e inovação do setor algodoeiro. Ela destacou os dez anos de cooperação técnica do Brasil com outros países no setor, o que significou o fortalecimento da parceria entre associações de produtores e institutos de pesquisa no continente sul-americano, bem como uma maneira de reforçar o uso do algodão.
— Esse forte empreendimento beneficia não apenas produtores de algodão dos países parceiros, que são, em geral, produtores familiares, mas, também, os produtores brasileiros. Afinal, os tempos são de foco na sustentabilidade e, nesse diapasão, não há menor dúvida de que o algodão constitui uma ótima solução.
Diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Márcio Portocarrero, destacou que algodão está presente no Brasil desde antes da chegada dos colonizadores.
— Somos umplayermuito importante na produção e comércio dessa commodity, mas nem sempre foi assim. Passamos por dificuldades e o governo brasileiro nos ajudou em duas grandes oportunidades, quando os produtores tiveram que recorrer à política de garantia de preço mínimo para sustentar a diferença entre o prejuízo e o custo de produção, e manter a cadeia do algodão viva. Se não, teríamos morrido logo no início. Poucos acreditaram que nossa evolução seria possível em 23 anos, quando saímos praticamente do zero. O Brasil era o segundo maior importador de algodão para abastecer a indústria têxtil, mas, com muito trabalho e pesquisa da Embrapa e união dos produtores, conseguimos chegar aqui, entregando a capacidade de produzir produtos de qualidade e que atraíram os mercados mais exigentes — afirmou.
Mais um diretor-executivo presente, o de Governança e Gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e ex-chefe da Embrapa Algodão, Alderi Emídio de Araújo, destacou o avanço da produção do algodão e disse que a determinação dos produtores do semiárido nordestino e do cerrado brasileiro foram fundamentais para o desenvolvimento da cultura no país. Ele disse que a realidade do algodão brasileiro saiu de grande importador para hoje ser um dos primeiros exportadores mundiais.
— É uma transformação que nos impacta e que assusta o mundo. E nós temos que entender que o nosso inimigo está lá fora, e não aqui dentro. Hoje temos algodão colorido, algodão orgânico e algodão agroecológico, produzido em consórcios agroalimentares. Nós temos orgulho dos produtores de algodão porque os produtores têm energia suficiente para superar todas as dificuldades que lhes colocam à frente. E isso tem sido determinante para a gente chegar aonde chegou, e nós vamos alcançar patamares muito acima daqueles que já alcançamos — projetou o executivo da Embrapa.
Representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Rafael Zavala ressaltou que o Dia Mundial do Algodão foi instituído com o objetivo de aumentar a visibilidade do setor produtivo e seu papel no desenvolvimento econômico, no comércio internacional e na redução da pobreza, especialmente dos agricultores familiares de países em desenvolvimento.
— Temos muitos desafios ainda para impulsionar a cadeia produtiva de nossa região, mas cremos que, com a cooperação das nações amigas, podemos seguir avançando, porque todos, juntos, somos mais algodão.