O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou nesta segunda-feira, dia 9, sobre a perda de poder de compra do salário mínimo, e justificou a desvalorização citando "duas guerras": a pandemia da Covid-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia. Apesar das declarações do ministro, o governo Jair Bolsonaro já não concedia aumento real ao salário mínimo desde antes da pandemia e da guerra na Ucrânia. Além disso, Guedes já afirmou que dar aumento real geraria desemprego.
"A verdade é que essa geração pagou pela guerra, fizemos sacrifícios e ficamos sem aumento de salário, tivemos uma recuperação econômica forte. Não houve aumento real de salário porque, durante uma guerra, o normal é até ter perdas importantes. Estamos lutando para preservar salário mínimo, empregos e a capacidade de investimento do país", disse ele durante evento.
Durante o governo Bolsonaro, só houve aumento real (acima da inflação) em 2019, no primeiro ano. Na época, ainda estava em vigor uma lei que obrigava o presidente a corrigir o mínimo pela inflação, somada ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. A lei terminou em 2019. Desde então, Bolsonaro só reajustou o mínimo pela inflação, como determina a Constituição.
Um relatório da corretora Tullet Prebon Brasil divulgado hoje mostra que Jair Bolsonaro (PL) será o primeiro presidente a terminar um mandato com um salário mínimo com menor poder de compra do que quando começou a governar desde o início Plano Real, em 1994.
De acordo com os cálculos da corretora, a perda no salário mínimo será de 1,7% se a inflação não subir ainda mais do que o previsto no boletim Focus, do BC (Banco Central). As previsões vêm sendo revisadas para cima há 16 semanas e, descontada a inflação, o salário cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37, entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022.
Guedes disse ainda que atribuir essa perda de poder de compra ao governo é "desonestidade intelectual".
"Fomos atingidos por essa outra guerra que aumentou os preços da comida e energia, dando sensação de perda do poder de compra, de empobrecimento, que está acontecendo no mundo inteiro. Por desonestidade intelectual, está sendo atribuída ao governo. O governo pega o país quebrado, uma pandemia, uma guerra que encarece comida e energia e ainda assim cresce", declarou.
O último boletim Focus, publicado em 26 de abril, estima que o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano deve crescer 0,65% - forte desaceleração em relação à alta de 4,6% de 2021.