Saúde Humanização
Profissionais do Hospital Regional de Registro visitam aldeias indígenas
Objetivo é fortalecer o diálogo com as comunidades e qualificar ainda mais o acolhimento com respeito aos costumes e tradições dos povos indígenas
13/03/2023 13h11
Por: Redação Fonte: HRR Monica Bockor

Por iniciativa do Instituto Sócrates Guanaes, gestor do Hospital Regional de Registro (HRR), profissionais do Grupo de Humanização da Unidade visitaram duas aldeias indígenas da região. O objetivo das visitas é conhecer de forma mais aprofundada a cultura e os costumes das comunidades, fortalecer os canais de diálogo para facilitar a interlocução com as lideranças indígenas e qualificar ainda mais o acolhimento a essa população.
No dia 3 de março, a assessora de Comunicação e coordenadora do Grupo de Humanização do HRR, Mônica Bockor, e a assistente social Cíntia Neli da Silva Inácio estiveram na Aldeia Tupã-Reko, localizada em Registro, onde foram recebidas pelo Cacique Reinaldo e pelo professor Elísio, na escola da aldeia. De maneira bastante receptiva, eles esclareceram dúvidas e abordaram aspectos importantes para os indígenas no que diz respeito ao atendimento realizado durante a internação hospitalar. “Conversamos sobre hábitos alimentares, práticas que devem ser evitadas pelas indígenas durante a gestação e no pós-parto e principalmente sobre a importância do papel do Pajé durante o tratamento de um problema de saúde”, explica Mônica.
Segundo o Cacique Reinaldo, o Pajé é o líder espiritual dos indígenas e seus rituais e aconselhamentos exercem grande influência, especialmente no tratamento das doenças espirituais. “O Pajé sabe os motivos das dores, sabe onde está a dor, o que é preciso fazer. Garantir o acesso do Pajé no Hospital é muito importante”, disse o Cacique.
Na Aldeia Pindo-Ty, em Pariquera-Açu, o Cacique Renato também falou sobre a importância do Pajé para a cura das doenças. Ele recebeu as profissionais do HRR na manhã de terça-feira, 7/03. A visita foi agendada pela assistente social da Prefeitura de Pariquera-Açu, Mara Ligia Mendes Trigo Rodrigues, que também participou do encontro.
“O líder espiritual tem muita sabedoria e com suas rezas e remédios ele ajuda a tratar os indígenas dentro da aldeia”, explicou o Cacique. Ele também falou da luta da população indígena para garantir políticas públicas de educação e saúde para as aldeias. “Nós não invadimos a cidade, o indígena já estava aqui quando a cidade chegou. Hoje o indígena tem documentação, é cidadão brasileiro e tem direito a políticas públicas, tem direito ao acesso à saúde”, ressaltou. O Cacique Renato também destacou a importância da aproximação e do diálogo com o HRR pelo bem do povo indígena. “Já estive no Hospital Regional de Registro várias vezes para ajudar na comunicação com os pacientes. As mulheres, principalmente, não gostam de falar, e às vezes têm receio de algum procedimento. Então eu vou ajudar nessa comunicação, ajudar a explicar. E essa aproximação, esse diálogo com o hospital é muito importante”, disse ele.
A ideia do grupo de Humanização é promover encontros sobre a cultura indígena com as equipes do HRR, para sensibilizar e qualificar cada vez mais o acolhimento. Os caciques das Aldeias Tupã-Reko e Pindo-Ty já aceitaram o convite para falar sobre seus costumes e, também, conhecer melhor como funciona o atendimento no hospital.
“O resultado das visitas foi maravilhoso. Com apoio da Secretaria Especial da Saúde Indígena – SESAI – já realizamos um trabalho de acolhimento aos pacientes indígenas atendidos no HRR. Além da nutrição, que procura considerar os hábitos alimentares, e do acesso do Pajé, queremos compreender e fortalecer esse diálogo para melhorar a comunicação e atender de forma ainda mais acolhedora essa população”, explica a assistente social Cíntia.
Desde 2020, o HRR já realizou 134 atendimentos a indígenas. No ano passado, foram 29 indígenas atendidos com acompanhamento do Serviço Social e da SESAI, sendo a maioria deles pacientes da Pediatria. O Vale do Ribeira possui pelo menos 16 aldeias indígenas, grande parte do povo Guarani, como as comunidades de Pindo-Ty e Tupã-Reko.

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