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Alesp aprova projeto que proíbe uso de celulares nas escolas em São Paulo
Pedagoga aponta desafios emocionais e físicos da nova lei para alunos e professores
13/11/2024 13h37 Atualizada há 2 horas
Por: Redação Fonte: Gabrieli Albuquerque

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou ontem (12), em votação simbólica, o projeto de lei que estabelece a proibição do uso de celulares por estudantes nas escolas públicas e privadas do Estado. A medida, que aguarda a sanção do governador Tarcísio de Freitas, deve entrar em vigor a partir do próximo ano letivo, suscitando um amplo debate sobre seus impactos na dinâmica escolar e no bem-estar dos alunos.

O uso de celulares em sala de aula é tema de discussões frequentes entre educadores e especialistas em pedagogia, especialmente em um cenário onde, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2022, 80% dos estudantes brasileiros de 15 anos relatam se distrair com o uso dos dispositivos durante as aulas. A recente pesquisa do Datafolha reforça essa preocupação ao revelar que 62% da população apoia a proibição, enquanto 43% dos pais de crianças de até 12 anos afirmam que seus filhos já possuem celulares próprios.

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Segundo a pedagoga e diretora de educação das unidades do ABCDM e Litoral do Colégio Adventista, Marizane Piergentile, essa proibição traz diversos desafios tanto para alunos quanto para educadores. “Para uma geração que cresceu cercada por telas e que vê o celular como uma extensão de si mesma, a proibição do uso de celulares na escola pode desencadear uma espécie de ‘abstinência digital’ que afeta tanto o bem-estar emocional quanto o físico dos alunos. Muitos jovens hoje nunca conheceram um mundo sem acesso instantâneo à informação, redes sociais e entretenimento na palma de suas mãos, e essa mudança abrupta de cenário pode provocar diferentes tipos de desconforto e desafios”, ressalta.

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Especialistas alertam para os possíveis efeitos emocionais dessa transição, como ansiedade e irritabilidade, principalmente entre estudantes acostumados a verificar notificações constantemente. A ausência do dispositivo pode criar uma sensação de estar desconectado de eventos importantes, fenômeno conhecido como FOMO, (Fear of Missing Out, ou “medo de ficar de fora”).

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Marizane também destaca que os impactos podem se manifestar de forma física. “A abstinência do uso do celular pode levar alguns jovens a sentir sintomas como as chamadas ‘dores fantasmas’, quando acreditam que o celular vibrou ou está em suas mãos, mesmo não estando. Essa reação é comparável à de pessoas acostumadas com hábitos repetitivos e que de repente se veem privadas deles”, observa a pedagoga.

O desafio também se estende aos próprios educadores, que precisam se adaptar a essa nova realidade. “O professor também vai precisar mudar. Ele também vive a dependência e vai lidar com alunos que estão em abstinência e tédio, que possivelmente serão mais questionadores e atentos”, pontua Marizane. Essa adaptação pode exigir um olhar mais atento e uma abordagem que fomente o envolvimento dos alunos em atividades sem a mediação de telas.

Por outro lado, a proibição pode ter seus benefícios. Marizane acredita que, com apoio da escola, a ausência dos celulares pode levar os estudantes a desenvolverem habilidades de adaptação, resiliência e socialização mais efetiva. “O tempo longe das telas também pode incentivá-los a se envolverem mais nas atividades escolares, a explorarem novos interesses e a desenvolverem suas habilidades sociais. Essa experiência pode ser uma chance de crescimento, onde eles redescobrem o valor da interação direta e aprendam a gerenciar o tédio e a ansiedade sem a ajuda de dispositivos digitais”, afirma.

Com apoio da escola e dos professores, essa experiência de abstinência digital pode ajudar os alunos a desenvolverem uma relação mais equilibrada com a tecnologia. A proibição pode levá-los a perceber que o celular é uma ferramenta útil, mas que a dependência excessiva limita suas habilidades e experiências no mundo real. “Aprender a lidar com a falta do celular pode abrir a mente dos alunos para a importância de um uso consciente e responsável da tecnologia, preparando-os para uma vida mais equilibrada”, conclui Marizane Piergentile.