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Presidente do IBGE quer que instituição seja uma central dos dados oficiais
Assunto foi debatido nesta terça na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle
10/07/2024 04h26
Por: Redação Fonte: Agência Câmara

O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, defendeu que o instituto passe a ser um coordenador-geral dos dados oficiais do País. Em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, ele disse que essa mudança depende de uma lei, mas também de um fortalecimento orçamentário do órgão.

Márcio Pochmann lembrou que o IBGE já respondeu diretamente ao presidente da República. A partir do regime militar, foi perdendo espaço e recursos, o que fez com que os outros ministérios criassem seus próprios bancos de dados, como Serpro, Dataprev, Inep e Datasus.

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O presidente do IBGE ressaltou, porém, que coordenar dados é uma questão de soberania nacional. “É quase um censo que é feito a cada dia a respeito das decisões que tomamos sobre lugares para onde vamos, aplicativos que utilizamos, músicas, entretenimento, mensagens, pagamentos, enfim, uma massa de informações pessoais que estão depositadas e servem de modelo de negócio para empresas que não são brasileiras, não geram emprego no Brasil, não compartilham tecnologia, não pagam impostos”, disse.

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Mesmo sem os meios necessários, Pochmann disse que estão sendo feitos esforços para integrar dados de educação, saúde e previdência.

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Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), ter informações de pesquisas regulares e confiáveis é importante para controlar o fenômeno da desinformação e das chamadas fake news. Ele citou um exemplo: "Alguém afirma e quer fazer com que as pessoas acreditem que hoje temos uma inflação descontrolada no País, e a apuração que o IBGE faz é contrária a essa tese. A informação, em tempos de fake news, onde o mais importante para essa estratégia são as versões e não os fatos, ela passa a ser inimiga dessa estratégia”, disse.

Trabalho temporário
O diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística, Cleiton Batista, disse que 60% dos trabalhadores do IBGE são empregados temporários para pesquisas que são contínuas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – diferentemente da situação dos temporários da pesquisa do Censo Demográfico. Segundo ele, essas pessoas ganham pouco mais que o salário mínimo, e a rotatividade é alta.

Márcio Pochmann explicou que, para os próximos anos, o IBGE precisa dar conta de 17 pesquisas de orçamento familiar e do censo agropecuário de 2026, ano em que completará 90 anos. Somente em 2024, são mais de 300 pesquisas, que vão desde a temperatura do mar até os índices inflacionários.

As pesquisas de orçamento familiar são necessárias, segundo ele, para atualizar os dados sobre o consumo das famílias e informações sobre quantidade de horas de trabalho, home office, cuidados com terceiros e deslocamentos no trânsito, que vão orientar políticas públicas.

A pesquisadora Mercedes Bustamante, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na audiência, lembrou que estatísticas também são importantes para as decisões de investimento de estrangeiros, pois fornecem dados para comparação entre países.