O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a organização da sociedade civil Viração Educomunicação levarão três jovens ativistas ambientais de diferentes regiões do Brasil para a 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27). Maria Eduarda Silva, 19 anos, de Bonito, PE; Victor Medeiros, de 18 anos, do litoral sul de São Paulo; e Tainara da Costa Cruz, 18 anos, do povo kambeba, da comunidade Três Unidos, localizada na Área de Proteção Ambiental, na margem esquerda do Rio Negro, no Amazonas, se unem a um grupo de 40 meninas e meninos brasileiros, de diversos coletivos e organizações sociais, que vão representar a adolescência e a juventude brasileira na conferência. O encontro será realizado entre os dias 6 e 18 deste mês, no Egito.
Em suas diversas iniciativas em desenvolvimento no Brasil, o UNICEF vem engajando adolescentes e jovens nas discussões sobre mudanças climáticas, valorizando a participação ativa de meninas e meninos em debates e proposições de ações. Estudo divulgado no mês passado alerta que, até 2050, todas as crianças e adolescentes do mundo estarão expostos a ondas de calor e chama a atenção para a necessidade urgente de ampliação de financiamento para adaptar os serviços públicos e proteger crianças, adolescentes e comunidades vulneráveis.
Os três jovens que irão para a COP 27 foram selecionados a partir dos projetos apresentados e do potencial como multiplicadores. A expectativa é que possam compartilhar e multiplicar o conhecimento em suas localidades quando retornarem, além de seguirem com as atividades que já desenvolvem.
Para a oficial de Participação e Desenvolvimento de Adolescentes do UNICEF no Brasil Rayanne Máximo, a participação de adolescentes e jovens fortalece ainda mais os processos que buscam a diminuição mundial dos impactos das mudanças climáticas. “A agenda climática do UNICEF vem crescendo, apoiada diretamente no engajamento e na participação de adolescentes, pensando em inovação, criação de estratégias e advocacy para pautar, nas políticas públicas, ações concretas que coloquem crianças e adolescentes na centralidade das ações climáticas”, salienta Rayanne.
“É fundamental que as próximas gerações tenham apoio de agências internacionais, instituições e organizações da sociedade civil para fazer frente à crise climática a partir do aprendizado e exercício da participação cidadã, acompanhando os debates por justiça climática de forma global e em seus territórios, compartilhando conhecimentos e criando soluções para um futuro sustentável para todos. Ter a participação desses jovens na COP 27 é um grande passo nesse sentido”, afirma Monise Berno, coordenadora de Comunicação da Viração e do programa Agência Jovem de Notícias no Brasil.
Para Paulo Lima, diretor internacional da Viração, que há 11 anos acompanha adolescentes e jovens nas Conferências da ONU sobre o Clima, “a participação dos três jovens brasileiros ligados aos projetos do UNICEF representa uma grande oportunidade de exercitar a cidadania global e um grande exercício de educação climática global. O mais importante é que esses jovens, voltando para o Brasil, poderão compartilhar com outros jovens de todo o país a experiência deles no evento e de conhecer outros adolescentes e jovens que trabalham com educação climática em todo o mundo”.
A relação de Victor Medeiros, de Iguape, no Litoral Sul de São Paulo, com o meio ambiente começou na infância. Foi no sítio do tio, que ele frequentava quando criança, que o estudante aprendeu a importância de cuidar da terra e preservar a natureza que o cerca. Em 2021, quando o primeiro Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca) foi implementado na cidade de Iguape pelo UNICEF e parceiros atuantes na iniciativa Crescer com Proteção, Victor viu a oportunidade de combinar sua paixão pelos temas de sustentabilidade com a mobilização de mais aliados.
Em 2022, Victor passou a participar de mais uma iniciativa do UNICEF: o projeto Chama na Solução – Mudanças Climáticas, em parceira com Viração Educomunicação, cujo objetivo é chamar a juventude para pensar em ações criativas para os desafios de seus territórios e que também dialoguem com questões globais. Com outros colegas, ele construiu o projeto Puro Ouro Verde para alertar as populações de Iguape e de Ilha Comprida sobre os efeitos mais evidentes das mudanças climáticas em sua região, como o avanço do mar.
“A gravidade das mudanças climáticas afeta não só o nosso futuro, como também o nosso presente. Então, por isso, é extremamente importante que jovens se mobilizem para poder mudar esse cenário dentro da região em que vivem”, afirma.