A senadora Simone Tebet (MDB-MS) almoça nesta quarta-feira com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na casa da ex-prefeita Marta Suplicy, em São Paulo, para formalizar o apoio ao petista no segundo turno. O partido anunciou na manhã desta quarta-feira que irá manter a neutralidade e liberou os diretórios a se posicionarem como quiserem. Na tarde de terça-feira, quando a legenda já havia sinalizado a decisão, Simone esteve com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), também na capital paulista, como mostra foto obtida com exclusividade pelo GLOBO.
Lula deixou a produtora onde grava seus programas de TV por volta do meio-dia e dirigiu-se à casa de Marta para um almoço junto com sua esposa, Rosângela da Silva, a própria Marta, Alckmin, Fernando Haddad (PT), candidato do PT ao governo de São Paulo, e Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Lá, Lula e Tebet devem conversar sobre o apoio da emedebista no segundo turno.
O apoio de Tebet a Lula já está pacificado no partido. Desde o início da campanha eleitoral, ela deixou claro que o principal adversário na disputa era o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas a conversa com Lula vai definir se o apoio à sua candidatura será protocolar e crítico ou se virá acompanhado de uma maior participação no processo eleitoral, afirmam pessoas próximas à senadora. Ela irá se pronunciar publicamente ainda hoje, em entrevista coletiva. Não se sabe ainda se Lula estará ao seu lado.
Como Lula e Tebet não têm uma relação pregressa, Alckmin atuou como um intermediário para inaugurar uma conversa entre o primeiro e a terceira colocada na disputa eleitoral. O ex-governador paulista e a senadora compartilham pensamentos políticos semelhantes, e Alckmin é visto de fora como a figura que melhor representa o centro democrático na campanha do petista.
Na conversa com o ex-tucano, a senadora colocou questões que a preocupam. A falta de sinais do que Lula pretende fazer, se eleito, foi uma delas. Assim como a ausência, até aqui, de propostas concretas para evitar que novos escândalos de corrupção atinjam um eventual governo.
Na conversa de hoje com Lula, a senadora não vai tratar da participação em um eventual governo, como sugeriram integrantes da campanha de Lula em outras ocasiões. Nos bastidores, ela tem se queixado desse tipo de insinuação. Ao que tudo indica, Tebet busca uma segurança maior do ex-presidente para “emprestar” seu rosto à campanha. Quer um comprometimento de que o debate será qualificado, e não um cheque em branco, como no primeiro turno.
A entrega do plano de governo indica que a senadora espera do PT a incorporação de algumas de suas propostas. Sabe-se que a pauta educacional foi uma de suas bandeiras de campanha, em especial a iniciativa de pagar uma bolsa de R$ 5 mil a jovens que concluíram o Ensino Médio.
Contato telefônico
Lula e Tebet sequer tinham o número de telefone um do outro até a última segunda-feira, quando a emedebista foi surpreendida com uma ligação de Janja, esposa de Lula. O telefonema da socióloga, revelado pelo GLOBO nesta terça, serviu de ponte para o petista e a candidata do MDB se falarem pela primeira vez após o resultado das eleições, que terminou com a senadora em terceiro lugar.
O primeiro contato foi para “quebrar o gelo”, relatam aliados. Numa ligação breve, Lula parabenizou a senadora pelo desempenho na eleição — o melhor para uma postulante do MDB — e pediu um encontro após a Executiva Nacional anunciar o posicionamento oficial do partido no segundo turno, que será de neutralidade.
A busca da campanha petista pelo apoio da emedebista foi prioridade na largada do segundo turno em que o PT tenta atrair o centro e a centro-direita para a coligação.