Embora a participação de mulheres em cargos de alta liderança continue aumentando ano a ano, esse crescimento ainda é lento e o cenário atual pode mudar rapidamente. Essas foram algumas das conclusões do estudo Women in Business: Pathways to Parity, uma pesquisa conduzida anualmente pela Grant Thornton, uma das maiores empresas globais de consultoria, auditoria e tributos.
Em sua 20ª edição, o relatório aponta que as mulheres ocupam hoje 33,5% dos cargos de liderança sênior em empresas de médio porte. Enquanto isso representa um salto significativo na comparação com 20 anos atrás - quando o número era de apenas 19,4% -, o crescimento na comparação com o ano passado é mínimo: 1,1%, de acordo com a Grant Thornton. “Sem um foco maior nessa questão, no ritmo atual a paridade entre mulheres e homens em liderança sênior não será alcançada antes de 2053”, projeta o estudo.
Os dados também revelam que, por conta da ainda baixa presença feminina em posições de mid management (em gerências, por exemplo), o cenário de crescimento nos papéis de alta liderança é frágil. “Se uma CEO deixa o cargo por qualquer motivo, as chances de que uma mulher venha a substituí-la é pequena”, observa a sócia de Auditoria da Grant Thornton, Élica Martins. A pesquisa, inclusive, destaca que essa situação pode se apresentar em breve, pois a queda na quantidade de CEOs mulheres foi acentuada. No fim de 2022, 28% dessas posições eram ocupadas por mulheres. No fim do ano passado, o número caiu para 19%.
Apesar do progresso lento e do cenário incerto, há razões para otimismo. “A conversa mudou nesses 20 anos”, pondera Élica. “Há um maior empoderamento feminino para tomar decisões que apoiem suas próprias prioridades pessoais e de carreira. Isso inclui flexibilidade do modelo de trabalho e a aceitação de diferentes padrões e características de liderança que abrem espaço para mulheres atuarem como elas mesmas em seus papeis como líderes”, diz a executiva, que também é líder do escritório de Campinas e dos serviços para a indústria de Energia e Recursos Naturais..
América Latina na liderança
O retrato local da pesquisa conduzida pela Grant Thornton revela que a América Latina é a região com a maior porcentagem de cargos de alta liderança ocupados por mulheres no mundo, com 36%. O estudo identifica uma tendência de ações por parte dos governos da região para incentivá-las no trabalho - com destaque para aprovação no Senado brasileiro da Reforma Trabalhista em 2023, que contém peças de promoção de equidade e remuneração justa - e a Lei de Equidade de Gênero na Argentina. Ainda assim, a pesquisa aponta para evidências de que, abaixo da superfície, esses esforços não estão levando a um processo igualitário em todas as empresas, já que 12% das companhias não têm qualquer liderança sênior feminina, e em 17%, mulheres ocupam apenas uma posição de alta liderança.
Metodologia
O estudo Women in Business: Pathways to Parity, da Grant Thornton, faz parte do International Business Report (IBR), a maior e mais significativa pesquisa de negócios de médio e grande porte no mundo. Ela ouve mais de 5 mil executivos e executivas sênior semestralmente, de companhias públicas ou privadas em todo o planeta.
Os resultados do relatório são provenientes de cerca de 5 mil entrevistas realizadas entre outubro e novembro de 2023 em empresas de todos os setores da economia em 28 países. No Brasil, mais de 190 empresas fizeram parte do estudo.
Sobre a Grant Thornton
A Grant Thornton é uma das maiores empresas globais de auditoria, consultoria e tributos. Está presente em mais de 147 países e conta com mais de 68.000 colaboradores. No Brasil, está posicionada nos 16 principais centros de negócios do país, contando com mais de 1.700 pessoas, atendendo empresas nas mais variadas etapas de crescimento, desde startups a companhias abertas. Com uma forma de trabalho customizada, auxilia empresas dinâmicas a atingirem seus potenciais de crescimento de forma sustentável, gerando proposta de valor para o negócio por meio de recomendações significativas, voltadas para o futuro.