O verão chegou e, junto com ele, as chuvas. As águas, tão benéficas para a natureza, podem apresentar diversos riscos para a saúde das pessoas. Isto porque espalham mais facilmente agentes infecciosos que, quando em contato com o ser humano, transmitem doenças como toxoplasmose, hepatite A e leptospirose, principalmente nas grandes cidades, que também acabam sendo mais assoladas por enchentes.
As regiões mais afetadas pelas chuvas já começaram a registrar casos de leptospirose, doença causada pela bactéria Leptospira, presente principalmente na urina de ratos. "A contaminação ocorre por meio da penetração da bactéria em feridas de pele, mucosas e pele íntegra imersa por longos períodos. Os sintomas costumam aparecer depois de cerca de 15 dias e incluem febre alta, calafrios, dores musculares, principalmente nas panturrilhas, dores de cabeça, náuseas e vômitos e icterícia (coloração amarela da pele e nos olhos)", explica a Dra. Juliana Oliveira da Silva, infectologista e coordenadora do Centro de Vacinação do Hcor.
Caso tenha se exposto à água ou lama e apresente esses sinais, a orientação é buscar auxílio médico. O diagnóstico é realizado com base no cenário, na análise clínica e nos resultados dos exames de sangue. O tratamento é feito com antibióticos. "Aproximadamente 15% dos casos evoluem para manifestações clínicas graves. Se não tratada adequadamente, a leptospirose pode causar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática, respiratória e até mesmo óbito", alerta a especialista.
A hepatite A é outra doença que pode surgir após períodos de chuva. A infecção ocorre pela ingestão de água ou alimento contaminado pelo vírus. "Nem sempre a pessoa apresenta sintomas, mas os mais comuns são náuseas, febre, falta de apetite, cansaço, diarreia e icterícia. Não existem medicamentos específicos para tratamento, este tipo de hepatite trata-se, essencialmente, com medicações para alívio dos sintomas e repouso", esclarece.
Assim como a hepatite A, a toxoplasmose também pode ser transmitida por meio da ingestão de água e alimentos contaminados. "Os sintomas são variáveis e associados ao estágio da infecção e à imunidade individual. A maioria das pessoas que se contamina pela primeira vez não apresenta sintomas e, por isso, não precisa de tratamentos específicos. No entanto, aquelas com baixa imunidade, as gestantes e os recém-nascidos podem ter manifestações graves e precisam de cuidados especiais", ressalta.
Para evitar a contaminação, é recomendado usar botas e luvas em contato direto com a água da chuva e da enchente, higienizar tudo o que foi molhado com cloro, ferver a água para consumo e descartar todos os alimentos que foram expostos a essa situação. "Vale ainda o alerta para o contato e o manuseio de lixos e destroços, que podem transmitir tétano e atenção à água acumulada em objetos, que acabam se tornando focos de dengue. Além dos cuidados com a exposição, as doenças também podem ser prevenidas por meio da vacinação", completa.