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Defesa Civil aponta 14,5 milhões de afetados e gastos de R$ 1,4 bilhão com desastres climáticos em 2023
Mais da metade dos municípios brasileiros esteve em situação de emergência ou estado de calamidade neste ano
12/12/2023 22h03
Por: Redação Fonte: Agência Câmara

Em ano de sucessivos eventos climáticos extremos no Brasil, o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, apresentou, na Câmara dos Deputados, o balanço dos atendimentos a vítimas e dos gastos federais com enchentes, secas e ciclones. Mais da metade do total de 5.568 municípios brasileiros foi afetada.

“Foram 2.797 municípios reconhecidos em situação de emergência ou estado de calamidade. Até esta data, apoiamos municípios brasileiros com R$ 1,4 bilhão e atendimento a 14.541.438 pessoas. Em abril, nós tivemos 1.700 municípios em situação de emergência ou estado de calamidade vigentes ao mesmo tempo”, destacou Wolff.

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Hoje, ainda há cerca de 1.200 cidades afetadas, segundo o secretário. A preocupação das autoridades aumenta diante da proximidade do verão com ondas de calor e efeito do fenômeno El Niño.

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O tema foi debatido nesta terça-feira (12) na Comissão Especial da Câmara sobre Prevenção a Desastres e Calamidades Naturais. Os parlamentares se comprometeram a reforçar o orçamento das ações de defesa civil, sobretudo com foco em prevenção.

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Veto
O relator da comissão, deputado Gilson Daniel (Podemos-ES), quer a derrubada do veto presidencial a artigo da Lei 14.691/23 que destinava 5% de multas por crimes ambientais e de acordos judiciais de reparação de danos socioambientais para o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil.

“Nós trabalhamos muito bem na pronta resposta, mas realmente precisamos trabalhar na prevenção. Muitos desses acidentes e desastres poderiam ter sido evitados. A prevenção tem muito menos custo para o poder público”, disse Daniel.

Os deputados Tarcísio Motta (Psol-RJ) e Pedro Aihara (Patriota-MG) também se comprometeram com a derrubada do veto, que deve ser analisado em sessão do Congresso Nacional ainda nesta semana.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Leo Prates: situação exige apoio extra às vítimas

Desmonte
Wolnei Wolff substituiu o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, que estava em reunião com o presidente Lula no momento da audiência da Câmara. O secretário nacional de Defesa Civil lembrou o “desmonte” do setor no governo anterior e reconheceu a necessidade de novos investimentos diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

“Com a recriação do Ministério das Cidades, foram alocados R$ 4,7 bilhões para risco geológico e cerca de R$ 10 bilhões para risco hidrológico. Mas ainda é pouco recurso, porque, segundo os mapeamentos do Serviço Geológico do Brasil, nós temos 10 milhões de pessoas morando em área de risco no Brasil. Os desastres serão ainda mais intensos e frequentes”, avalia.

Wolff defende a estruturação da defesa civil como carreira de Estado, a fim de permitir reforço de pessoal e melhor articulação das ações de União, estados e municípios.

Mesmo na oposição ao governo Lula, o deputado Jorge Goetten (PL-SC) fez questão de elogiar os esforços de socorro às vítimas de enchentes em várias regiões do estado.

Histórico
A sucessão de eventos climáticos extremos de 2023 começou logo no início do ano, com cinco mortos em inundações em Araraquara, no interior de São Paulo. Depois, veio o recorde histórico de 683 milímetros de chuva em 24 horas no litoral norte do estado, com 64 mortos e interdição da rodovia Rio-Santos.

Em junho, começou a sequência de ciclones extratropicais na região Sul, com saldo de 49 mortos e mais de 100 municípios afetados, sobretudo no Rio Grande do Sul. O mesmo estado também enfrentou, neste ano, forte estiagem que levou 252 municípios a decretarem situação de emergência.

Na região Norte, cerca de 100 cidades de Acre, Amazonas e Pará registram escassez hídrica devido à seca histórica.

O presidente da comissão especial, deputado Leo Prates (PDT-BA), avalia que a situação exige apoio extra às vítimas. “Eu acho que a gente tem que criar um sistema nacional de apoio às vítimas de desastres, um arcabouço que faça parte, inclusive, do Sistema Nacional de Defesa Civil, com prevenção, pronta resposta e recuperação das áreas atingidas por desastres”.

O diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, Armin Braun, detalhou a busca de aperfeiçoamento dos alertas de eventos críticos para a população por meio de SMS, Whatsapp, Telegram, TV por assinatura e o futuro envio de mensagem em massa por celular, que ainda está em discussão com a Anatel.