Em um estudo pré-clínico feito em Nova York, nos Estados Unidos, uma versão trivalente da ButanVac (ou NDV-HXP-S) induziu proteção elevada contra as variantes ômicron e delta do SARS-CoV-2, aumentando a quantidade de anticorpos neutralizantes contra essas cepas. O trabalho foi publicado na revista Microbiology Spectrum, da Sociedade Americana de Microbiologia, e conduzido por pesquisadores da Icahn School of Medicine no Hospital Mount Sinai.
Os pesquisadores desenvolveram e aplicaram em modelos animais diferentes formulações da vacina, contendo a cepa original do coronavírus e as variantes gama, beta e delta. A formulação trivalente com as cepas de Wuhan, beta e delta foi a mais eficaz para elevar a proteção contra a doença. O imunizante reduziu em mais de 3 mil vezes a quantidade de vírus em animais infectados pela delta, em comparação com aqueles imunizados com a vacina original.
Com o surto da variante ômicron no final de 2021, os cientistas também testaram as formulações desenvolvidas anteriormente contra a nova cepa. A ButanVac trivalente aumentou em 9,3 vezes a quantidade de anticorpos neutralizantes contra a ômicron. No caso da vacina tetravalente (contra vírus original, beta, gama e delta), o aumento foi de 11 vezes.
O estudo evidencia que a plataforma vacinal usada na ButanVac facilita a modificação do imunizante contra novas variantes do coronavírus. A ButanVac é produzida de forma semelhante à vacina da gripe: a partir da inoculação em ovos embrionados de galinha de um vírus modificado da doença de Newcastle, que contém a proteína Spike do SARS-CoV-2 estabilizada. Além da fácil atualização, que consiste na substituição da proteína Spike do vírus original pela proteína Spike de outra cepa, a vacina também pode ser produzida a baixo custo.
“Uma vacina específica contra variantes de qualquer plataforma vem com uma desvantagem intrínseca. Ela só pode ser usada após a produção e autorização da nova vacina candidata pelas autoridades de saúde. Acreditamos que testes mais precisos de várias vacinas em formulações multivalentes podem ser uma estratégia eficaz para a imunização contra futuras variantes do SARS-CoV-2”, afirmam os autores do artigo.
Estudo da ButanVac no Brasil
No Brasil, a versão original da ButanVac está sendo avaliada como dose de reforço e deve caminhar em breve para as fases 2 e 3 do ensaio clínico. No começo de junho, o Butantan entregou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os resultados da fase 1, que mostraram que a vacina é segura e induz produção de anticorpos. As próximas fases envolverão 4,5 mil pessoas de todo o país.