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Debatedores levantam prioridades para regulamentação de bets na CAE
Em audiência pública nesta quinta-feira (19) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), debatedores discutiram os principais pontos que precisam ser...
19/10/2023 20h55
Por: Redação Fonte: Agência Senado

Em audiência pública nesta quinta-feira (19) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), debatedores discutiram os principais pontos que precisam ser abordados na regulamentação das apostas esportivas de quota fixa, as chamadasbets. O projeto ( PL 3626/2023 ) está na Comissão de Esporte (CEsp), onde foi objeto de pedido de vista , e depois seguirá para a CAE.

O projeto veio da Câmara dos Deputados e trata de regras para a autorização para operar esse tipo de aposta. Também estipula a porcentagem da arrecadação federal com a tributação dasbetsque será destinada a diversas áreas, como a seguridade social, o esporte e o turismo. O tema tem despertado críticas de parlamentares que apontam para os riscos sociais do jogo de azar e para o uso da atividade para lavagem de dinheiro. As apostas de quota fixa já são legalizadas desde 2018.

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José Francisco Manssur, assessor especial do Ministério da Fazenda, explicou quais são os pontos mais importantes da proposta de regulação, que foi enviada pelo governo federal. Segundo ele, a necessidade mais imediata é corrigir a lacuna que permite com que esses serviços operem sem pagar impostos, o que se trata de “distorção tributária grave”.

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— O segmento opera no Brasil de 2018 até hoje sem recolher impostos. Nada mais injusto do que os serviços essenciais, [como] quem produz alimentos e vestuário, e o trabalhador recolhendo seus impostos, e esse segmento não recolher nada. As pessoas estão jogando: de dez brasileiros com acesso ao telefone celular, sete já fizeram alguma aposta.

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Manssur pediu que os parlamentares aprovem o projeto pois, segundo ele, só com a legislação em vigor será possível abordar os problemas que os críticos das apostas denunciam. Ele falou da preocupação do ministério com externalidades negativas como as brechas para lavagem de dinheiro e a indústria de manipulação de resultados, e deu destaque para os casos de ludopatia — o vício em jogos de azar.

— O operador tem que nos informar o tempo que a pessoa passa na frente do celular jogando, o limite máximo de perda, o período de pausa. Tem que excluir a pessoa que apresentar sinais de vício. Tudo isso só se consegue com regulamentação. O ambiente selvagem que está hoje nos deixa sem poder agir.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE), que presidiu a audiência, disse que a disseminação das apostas virtuais tem gerado uma “tragédia humana”, e chamou atenção para casos de pessoas que entram em dificuldades financeiras. Manssur alertou para a necessidade de uma “política de jogo responsável”.

— Jogo não é meio de enriquecer. A maioria das pessoas perde dinheiro jogando. Não acredite nas propagandas — alertou.

A falta de regulamentação também afeta as loterias oficiais. Esse foi o argumento de Bruno Pires Lobato, presidente da Associação Nacional de Lotéricos (ALSPI). Ele denunciou a “concorrência desleal” que beneficia as casas de apostas virtuais.

— Se nós falharmos e não cumprirmos as regras, no dia seguinte a nossa máquina de loteria está desligada. Não entendo como esses sites estão há cinco anos funcionando sem gerar imposto, destruindo nossos empregos e levando divisas para fora.

Ricardo Liáo, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), elogiou diversos pontos da lei, em especial as regras que passariam a ser exigidas dos serviços de apostas para verificar a validade da identificação dos usuários.

— A política “conheça o seu cliente” é o principal instrumento para desenvolver mecanismos e controles internos capazes de avaliar o comportamento financeiro. É a partir desse movimento que muitas questões relacionadas a crimes são reveladas. Seria bastante importante como elemento da mitigação da lavagem de dinheiro.

O controle das movimentações financeiras também foi um ponto ressaltado por Vilson Antonio Romero, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais de Receita Federal do Brasil (Anfip). Ele chamou a atenção igualmente para a destinação da tributação, criticando a fatia menor reservada para a seguridade social — 2% da arrecadação, contra 5% para o turismo e mais de 6% para o esporte.