Um estudo conduzido pela Fiocruz Minas e publicado pela revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, em maio, apontou que 50% das pessoas diagnosticadas com Covid-19 apresentaram sintomas pós-infecção. Os pesquisadores acompanharam 646 pacientes, entre 18 e 91 anos, ao longo de 14 meses e contabilizaram mais de 20 sintomas recorrentes.
Segundo o Ministério da Saúde, pessoas com pós-Covid-19 têm manifestações clínicas novas, recorrentes ou persistentes após o período de infecção aguda pelo novo coronavírus.
A condição foi reconhecida oficialmente como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em outubro de 2021. De acordo com a agência, a chamada Covid longa pode aparecer três meses após o início da infecção, com sintomas que duram pelo menos dois meses e que não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo.
Sintomas e fatores de risco
Relatada por mais de 35% dos pacientes investigados pela Fiocruz Minas, a fadiga está no topo das reclamações. O cansaço extremo tem impacto direto na rotina dos pacientes, uma vez que complica a execução de tarefas do dia a dia. Tosse persistente, dificuldade para respirar, perda do olfato ou paladar e dores musculares foram outras queixas observadas.
Em alguns casos, o bem-estar mental também foi comprometido. De acordo com a pesquisa brasileira, 8% dos 646 entrevistados relataram sofrer com insônia, 7,1% com ansiedade e 5,6% com tontura após a infecção por SARS-CoV-2.
As sequelas se manifestaram tanto nas condições graves, como nas formas moderadas e leves de Covid-19, geralmente após a fase de infecção aguda. Mesmo os pacientes assintomáticos desenvolveram o problema. O estudo também concluiu que os mais velhos tendem a apresentar sintomas mais graves e um período mais longo de pós-Covid-19.
Hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e tabagismo ou alcoolismo foram as sete comorbidades observadas pela Fiocruz Minas que podem levar a uma infecção aguda mais grave e aumentar as chances de Covid longa.
Crianças também são afetadas
Além da população adulta, crianças e adolescentes sem condições médicas crônicas ou que experimentaram sintomas leves durante a fase aguda da doença podem desenvolver pós-Covid-19, conforme informações do Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef).
Recentemente, um estudo publicado no periódico de medicina The BMJ sugere uma provável relação entre a imunização contra o novo coronavírus em pessoas previamente infectadas e uma redução nos sintomas da Covid longa. A pesquisa do Instituto Nacional de Estatística Britânico envolveu mais de 28 mil participantes, entre 18 e 69 anos, e sugere que a imunização contribuiu para a redução dos sintomas, principalmente após a segunda dose da vacina.