Vale do Ribeira AGROFLORESTA
Bananais abandonados apresentam boa regeneração de espécies nativas
Estudo também indica alternativa de restauração florestal de baixo custo
07/10/2023 16h56 Atualizada há 1 ano
Por: Redação Fonte: Núcleo de Divulgação Científica do IPA-Instituto de Pesquisas Ambientais

Pesquisa realizada em duas Unidades de Conservação (UCs) do município paulista de Cajati analisou a regeneração de espécies nativas em áreas de bananais abandonados. Foram inventariados 4361 indivíduos regenerantes, pertencentes a 32 famílias e 81 espécies. A fertilidade do solo também apresentou bons indicadores. Os resultados mostram que bananais abandonados podem, ao longo do tempo, se transformar em floresta, indicando a possibilidade da restauração sem a necessidade de grandes investimentos financeiros. O estudo é tese de doutorado do pesquisador científico Ocimar Bim, do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA).

“As técnicas de recuperação de áreas degradadas por revegetação necessitam de um razoável aporte de recursos financeiros para a sua execução, o que acaba dificultando ou até inviabilizando a condução de projetos de restauração por parte de produtores rurais”, revela Ocimar. O pesquisador aponta para a questão dos custos e a necessidade de recursos para os projetos de restauração assistida, que são realizados pelo plantio de mudas e tratos culturais. Assim, propõe que a boa condição física do solo e algum remanescente de adubação química em áreas que pertenceram ao cultivo agrícola podem auxiliar os processos de regeneração. “Ao longo do tempo, o solo recebeu adubação para o bananal, o que contribuiu para sua fertilidade”, relata. A pesquisa indica que é possível recuperar áreas ocupadas por bananais no passado com a restauração passiva . “O abandono garante a restauração de uma área. No entanto, o processo não deve se limitar ao simples abandono. Requer o acompanhamento da regeneração, por parte do restaurador, no sentido de evitar que barreiras ou distúrbios ocorram, como incêndios ou o aparecimento de gramíneas. Esse acompanhamento não gera grandes custos”, explica.

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O estudo foi realizado em uma área de 7 hectares do interior do Parque Estadual do Rio Turvo, constituída por bananais abandonados há 8 anos, e outra do mesmo tamanho na Área de Proteção Ambiental (APA) de Cajati, com 4 anos de abandono. As duas pertencentes ao Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga. Os resultados indicam a regeneração natural em ambas, sendo que a área com maior tempo de abandono do manejo no bananal apresenta um resultado melhor que a outra em termos de quantidade de indivíduos arbóreos, espécies e diversidade. Ocimar atribui o sucesso dessa regeneração natural à vegetação muito bem conservada da região. “A resiliência do entorno contribuiu para o aporte da chegada das sementes zoocóricas (dispersas por animais)”, informa o pesquisador.

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Ocimar realizou sua pesquisa de doutorado no Âmbito do programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Sorocaba, com orientação do professor Admilson Írio Ribeiro e coorientação da professora Francisca Alcivania de Melo e Silva (Unesp – Registro). A defesa da tese “Restauração passiva em bananais abandonados: uma contribuição para a análise ecológica e espacial” aconteceu no dia 11 de setembro.

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