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Deputados, governo e TCU apontam problemas de gestão e manutenção na transposição do São Francisco
Bruno Spada/Câmara dos Deputados André Fernandes: "O povo brasileiro e o povo nordestino sofrem" Os problemas de gestão e manutenção na transposi...
06/06/2023 21h35
Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias

Os problemas de gestão e manutenção na transposição das águas do Rio São Francisco mobilizaram parlamentares e técnicos do governo federal e do Tribunal de Contas da União, em debate na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (6). O entrave mais urgente está na paralisação do deslocamento de água no Eixo Norte desde janeiro, em decorrência de trinca em uma das estações de bombeamento detectada em 2019 e agravada no fim do ano passado. Organizador do debate, o deputado André Fernandes (PL-CE) reclama do atraso nas obras.

“Existe esse problema na EBI-3. No início do ano, o governo federal disse que resolveria em maio, depois resolveria em junho e agora a nova data é a primeira semana de julho. O povo brasileiro e o povo nordestino sofrem”, disse.

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O secretário nacional de Segurança Hídrica do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Giuseppe Vieira, explicou que a paralisação no Eixo Norte se deu por “prudência e orientação técnica”, ressaltando que a retomada de funcionamento é prioridade do governo federal diante da demanda dos nordestinos. Adequação hidromecânica e recuperação estrutural estão em execução. Há previsão de volta do bombeamento da água na segunda quinzena de julho, desde que se tenha segurança técnica, segundo Giuseppe.

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“A gente está atento aos problemas estruturais que foram detectados. A situação de paralisação do bombeamento da Estação de Bombeamento 3 é séria, mas está sendo enfrentada com muito comprometimento pelo governo federal e por nossa equipe técnica que está atuando diuturnamente pela retomada do bombeamento”, disse.

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A transposição das águas do rio São Francisco começou em 2008 e já custou mais de R$ 13 bilhões. A meta é garantir segurança hídrica para 12 milhões de moradores de 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O Eixo Norte tem 260 km de extensão. Já no Eixo Leste, com previsão de 217 km, o avanço é gradativo, segundo Henrique Bernardes, diretor de infraestrutura da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), responsável pela gestão e manutenção desse trecho.

“Em 2021, entregamos pouco mais de 86 milhões de metros cúbicos de água; em 2022, 129 milhões; e até 31 de maio de 2023, já entregamos mais de 55 milhões de metros cúbicos de água. Isso representa mais de 42% do que foi fornecido no ano anterior e mais de 63%, nesses primeiros cinco meses do ano, do total que foi fornecido em 2021”, afirmou.

Problemas antigos
Deputados dos estados que deveriam ser beneficiados pela obra, como General Girão (PL-RN), Coronel Meira (PL-PE) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB), manifestaram revolta com a série de problemas que impedem a chegada da água à casa da população.

A chefe de auditoria de infraestrutura urbana e hídrica do Tribunal de Contas da União, Keyla Boaventura, concordou com as críticas ao Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf). “Realmente, é inaceitável uma obra que se iniciou 15 anos atrás e, até hoje, não se sabe exatamente quando ela vai entrar efetivamente em operação. É uma obra que foi sendo entregue por etapas: em 2017, as estações elevatórias de bombeamento foram entregues e agora já apresentam desgaste, sendo que o Pisf ainda nem está operando oficialmente”, disse.

Desde o início das obras, o TCU detectou mais de 800 irregularidades na transposição do São Francisco. Na lista de problemas, estão projetos básicos deficientes, sobrepreços, aumento significativo nas estimativas de custo final e falta de infraestrutura nos estados para se chegar à meta de 12 milhões de beneficiados. Entre as soluções para melhorar a gestão do projeto, a representante do TCU e os deputados que participaram da audiência defenderam a aprovação do projeto de lei 4546/21, batizado de “marco da política de recursos hídricos”.