Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados
Caiado defende em CPI tipificação criminal de algumas condutas do MST
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados A CPI do MST ouviu o governador de Goiás nesta quarta-feira Em audiência pública na CPI do Movimento dos Trabal...
31/05/2023 20h40
Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias

Em audiência pública na CPI do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) nesta quarta-feira (31), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendeu que o colegiado apresente projeto de lei para tipificar como crime algumas condutas do movimento. Na opinião do governador, quem acampar às margens de estradas e rodovias, por exemplo, deveria perder o direito de participar de programas de reforma agrária, assim como o de receber benefícios de políticas sociais do governo.

Continua após a publicidade

Ronaldo Caiado também sugeriu aos deputados da CPI investigar a origem dos recursos que financiam o movimento dos sem terra. Segundo disse, o MST não tem estatuto, nem identidade, portanto “não pode ser considerado entidade, é clandestino”. Ele sugeriu que o dinheiro que financia o movimento poderia vir do narcotráfico.

Continua após a publicidade

“Eu não tenho receio de governo de direita, nem governo de esquerda, nem governo de centro, eu tenho receio de governos que são controlados pelo narcotráfico. A invasão do narcotráfico nas estruturas que se apoderam e que podem se apoderar do poder. E é importante que vocês realmente possam avaliar esse nível de financiamento”, defendeu.

Continua após a publicidade

Relator da CPI, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) afirmou que, como o MST não tem personalidade jurídica, a comissão irá rastrear os recursos da organização por meio de outras instituições que integram o movimento.

“Como o MST, propositalmente, foge às suas responsabilidades não assumindo personalidade jurídica, endereço, CNPJ, isso mostra bem que, efetivamente, todas essas ramificações são braços de um mesmo movimento: FMN, Via Campesina, Camponeses pobres de Rondônia, é tudo a mesma coisa. Na prática, isso permite que nós façamos o rastreamento dos recursos”, explicou.

Assim como Ronaldo Caiado, Salles ainda defende a regularização fundiária dos assentados como forma de livrá-los do movimento. "A titulação é a carta de alforria dos assentados", afirmou.

História
A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) ressaltou que o MST nasceu em seu estado em 1984. Segundo a parlamentar, a motivação para que pequenos trabalhadores rurais se organizassem no movimento surgiu com a construção da hidrelétrica de Itaipu.

O Brasil ainda vivia a ditadura militar e, segundo Gleisi, os trabalhadores rurais foram simplesmente expulsos das terras que ocupavam, sem nenhuma indenização, para a construção da usina. Organizaram-se, então, para tentar conseguir novamente um pedaço de terra.

Gleisi Hoffmann ressaltou que, desde sua criação, o MST já ajudou a assentar mais de 450 mil famílias, e não se pode simplesmente criminalizar o movimento. A deputada defendeu que a coexistência dos assentamentos e do agronegócio não é contraditória, e ambos devem contar com o apoio do governo. 

“Eu acho que a gente tem que parar com o preconceito, nós não estamos falando de bandidos. Quando vocês falam de bandidos e criminosos aqui, vocês estão atingindo mais de 450 mil famílias que trabalham de sol a sol, sustentam seus filhos e põem comida na mesa do povo trabalhador", disse Hoffmann.