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Deputados querem acompanhar de perto negociação sobre Itaipu entre Brasil e Paraguai
Pablo Valadares / Câmara dos Deputados Diretor-geral de Itaipu, Enio Verri: negociação com o Paraguai é delicada O governo federal informou aos d...
31/05/2023 16h40
Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias

O governo federal informou aos deputados da Comissão de Minas e Energia da Câmara nesta quarta-feira (31) que a renegociação de parte do acordo de Itaipu com o Paraguai deve começar a partir de 13 de agosto, mas não tem prazo para acabar. O novo acordo deve ser acertado entre os governos dos dois países e confirmado pelos legislativos.

O deputado Beto Richa (PSDB-PR), um dos autores do pedido de debate sobre o assunto, defendeu que seja criada uma comissão externa na Câmara para acompanhar a negociação e facilitar a aprovação final.

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A usina hidrelétrica de Itaipu é resultado de um acordo entre Brasil e Paraguai firmado em 1973. Naquele momento, ficou acertado que as bases financeiras do tratado, basicamente a formação das tarifas, deveriam ser repactuadas em 50 anos. Também deverão ser rediscutidas as formas de comercialização da energia gerada.

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Uma parte da composição das tarifas vem dos royalties pagos aos municípios afetados pela formação do lago da usina. O prefeito de Foz do Iguaçu (PR), Francisco Brasileiro, que também é secretário da Associação Nacional dos Municípios Sedes de Usinas Hidrelétricas e Alagados, afirmou que os royalties pagos são quatro vezes menores que os necessários para compensar as perdas das cidades com a redução da área destinada ao agronegócio.

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O deputado Sergio Souza (MDB-PR) concordou com o prefeito. “Nesta área de alagados, se perdeu justamente a sua maior riqueza que é o solo. Imagina o quanto que isso não daria de arrecadação para os municípios, para o estado e para o próprio Brasil. Então Itaipu devolver um pouco disso ao estado do Paraná, é o que nós estamos discutindo aqui nesta reconfiguração do anexo C”, disse o deputado.

Quinze municípios do Paraná e um do Mato Grosso do Sul foram afetados pela criação do lago.

Já o deputado Danilo Forte (União-CE) disse que os benefícios de Itaipu deveriam ser mais bem divididos com todo o povo brasileiro, já que a construção exigiu esforços do País como um todo.

Gisela Padovan: Brasil aguarda novo governo paraguaio, que tomará posse em agosto - (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Garantidora de energia
O diretor-geral brasileiro da usina Itaipu Binacional, Enio Verri, disse que a negociação com o Paraguai é delicada porque a energia gerada pela usina representa 90% da energia consumida pelo país vizinho, enquanto para o Brasil é 9%. Hoje, segundo Verri, Itaipu funciona melhor como uma garantidora de energia.

“À medida que cai a produção da energia solar e eólica, porque o ponto fechou, porque é noite ou porque parou de ventar, Itaipu garante a energia para o País. Portanto, o termo segurança operativa é utilizado por isso” , disse Verri.

Ele explicou que todas as decisões sobre Itaipu têm que ser consensuais e que, no Paraguai, o assunto é tratado de forma, às vezes, agressiva, com o Brasil sendo chamado de “imperialista” pelas imprensa paraguaia.

O Paraguai não consome o total de 50% de energia de Itaipu e, pelo acordo atual, tem que vender o excedente para o Brasil. Como a dívida com a construção da usina foi quitada este ano, por exemplo, foi anunciada uma redução de 20% na tarifa, mas o governo relatou que houve resistência paraguaia.

Enio Verri comentou que, como a economia paraguaia está crescendo muito e consumindo mais energia, haverá interesse dos vizinhos em uma tarifa mais baixa nos próximos anos.

Verri ainda afirmou que os investimentos feitos pela empresa também têm que ser consensuais e citou uma proposta para a criação de tilápias no lago. Ela é rejeitada pelo Paraguai porque lá existe uma lei que veda a entrada de animais estranhos ao ecossistema.

A embaixadora Gisela Maria Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, explicou que o Itamaraty deve começar a negociar com o novo governo paraguaio, que tomará posse em 15 de agosto, mas que ouvirá todas as partes interessadas.